
É o vigia do “lenheiro”.
Altos montes de lenha enchem o pátio da estação de trem. Eles estão dispostos como enormes cubos onde os troncos são entrelaçados como se ali tivessem sido trabalhados por delicadas mãos de um cuidadoso tapeceiro.
Entre as pilhas gigantescas ele caminha assobiando ao rítmo de sua varinha. É funcionário da N. O B (Estrada de Ferro Noroeste do Brasil) e o local é um vasto terreno junto a estação onde é armazenado o combustível que alimenta as barulhentas e pesadas “marias-fumaça” (locomotivas movidas à lenha)
Madrugada três, quatro, cinco horas? Não sei. Caminhamos no sentido contrário: a vizinha Cléo, mamãe e eu. Seu Damasceno meio que se esconde na cumplicidade.
Juntamos os gravetos maiores e pequenos troncos que foram deixados entre as pilhas. Uma faixa de pano velho serve para amarrar o feixe que colocamos no ombro ou na cabeça.
Quantas viagens fazemos? Depende da fartura ou escassez da lenha miúda, da nossa disposição, das condições de saúde e do tempo.
Quando damos o trabalho por encerrado, trazemos as roupas sujas de carvão, inclusive o rosto e braços que algumas vezes também estão arranhados.
Amanhece. Quando levantamos vamos conferir à luz do dia o resultado do nosso trabalho. Amontoada nos fundos do quintal lá está a lenha que será usada no fogão durante o mês todo.
É uma grande economia.
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