12 - E junto
ao rio, à sua margem, de um lado e de outro, nascerá árvore que dá fruto para
se comer... Ezequiel 47:12
O sol mergulha seus raios, tingindo as águas no
remanso do rio que corre sem pressa deixando para trás suas correntezas e
redemoinhos. Sem pressa, mas incansável. O astro rei acompanha as águas nas
margens, beijando os ingás que tombam seus galhos, oferecendo-se aos peixes que,
no entardecer, empanturram-se no alimento farto. A chalana passa devagar,
formando mansamente pequenas ondas quase invisíveis para não atrapalhar a
paisagem. Aqui, o salto mortal de um peixe incauto abocanhado pela garça veloz,
ali um jacaré se recolhe sorrateiramente assustado, acolá um bando de
borboletas se agrupam alojando-se para esperar a noite que não tarda.
É a natureza repetindo-se. A noite chega para a
alegria de muitos insetos e animais de hábitos noturnos, que se aproximam das
margens cumprindo seu papel na cadeia alimentar. Na chalana alguns dormem
acotovelando-se nas redes empoeiradas e rotas. Outros cantarolam baixinho para ninar
as crianças, movimentando um pequeno galho no improviso de um leque para
espantar os mosquitos. O calor intenso deixa a noite modorrenta. Um papagaio
mordisca com seu beijo de boa noite a orelha do garotinho que, indiferente às
leis ambientais, tem-no como seu brinquedo.
A viagem continua. O silêncio só é quebrado pelo piar
de algum animal ou pelo som tonitruante de alguns que exageraram no calmante do
álcool. Só o timoneiro não dorme. Atento, movimenta vagarosamente o leme com a
responsabilidade no seu melhor dia de comandante da aeronave que vê nos seus
devaneios.
Geni 09-09-2013