Geni noel e Guilherme |
Gê sempre foi a tiazona querida de todos. Morava na capital por força do trabalho (professora do ensino fundamental na cidade de São Paulo). Isso na década de 80.
Natural de Araçatuba, palco de nossa história, aproveitava os feriados prolongados e as férias para curtir a família, principalmente os sobrinhos Edson, Silvana, Shirlane, Edilson, Érico, Alexandre, Gláucia, Gustavo, Rodrigo, Carolina, Renata e Guilherme. Silvinho, mesmo sendo irmão, era tratado como sobrinho, em razão de sua idade.
Nas festas e comemorações Tia Gê, como era carinhosamente chamada, sempre se antecipava nas brincadeiras e nas compras: fantasias para o carnaval, máscara de coelhos para a caça ao ovo na Páscoa, adivinhações, quebra – cabeças e tantas outras brincadeiras que faziam a alegria da criançada.
Alegria na distribuição dos presentes |
Todos esperavam ansiosos por esses encontros e pela tia querida. E sentiam que, na noite de Natal, ela não estava com eles, justo na hora em que o Papai Noel vinha trazer os brinquedos (ausência óbvia, já que o Papai Noel era ela). A dificuldade estava em esconder das crianças esse fato. Era um teatro danado. Ela dizia que não gostava de Papai Noel, pois se lembrava de sua infância sem a presença do velhinho, sem nunca ganhar um presente, e que preferia tomar chope com suas amigas e só voltar para a hora da ceia. Eles ficavam tristes, mas a ansiedade em receber os presentes fazia esquecer por momentos a falta da tia.
Abrindo os presentes |
É claro que os mais velhos sabiam, mas participavam normalmente e se calavam para não quebrar o encanto dos mais novos. Nesse ano em especial, só a Renata, o Guilherme e o Rodrigo eram pequeninos. A tia, que havia comprado fantasia nova (havia engordado um pouco) não percebeu que a touca estava um pouquinho pequena e que tinha que ficar puxando para não mostrar os cabelos.
Mas qual o que! Na euforia da entrega ela nem se lembrou da touca e... o Guilherme, que já estava cabreiro (o Papai Noel que ele vira na cidade tinha olhos escuros), matou a charada. Mas na hora não disse nada.
Assim que o Papai Noel foi embora, ele reuniu o grupo e, com cara de quem descobre um tesouro, disse com ar maroto:
— Olha, eu já estava desconfiado porque aqueles olhos azuis são da tia Gê, mas o que mais me deu a certeza são os brincos que ela se esqueceu de tirar.
Ela só soube da descoberta dias depois e não se conformava que um pequenino brinco de brilhantes pudesse quebrar a magia daquela noite linda!
A fantasia? Ah! A fantasia foi doada para uma instituição, mas as fotos conservam essas doces lembranças.
Tia Gê e o responsável pelo desemprego do Papai Noel |
Geni 22/11/2011