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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Primavera com gosto de infância



O dia se espreguiça, acordando devagar. No terreiro, o balé das galinhas reverencia numa ruidosa algazarra o galo campina que, quando canta, muda de cor levantando a crista vermelha como fogo. A revoada de maritacas colore de verde-amarelo o azul anil do céu claro. Assim começa mais um espetáculo que a natureza apresenta todo dia, indiferente se há ou não público para aplaudir.
No quintal, o velho poço ainda fornece água para banhar a pequena horta. O sarilho geme enrolando a corda que traz a caçamba, sem pressa, num ritmo cadenciado, cantarolando enquanto faz seu trabalho. O calor, a luminosidade indireta e a constante umidade fazem brotar nas encostas dos barrancos as lindas avencas que se deliciam banhadas pelos respingos do vai e vem da caçamba.
As avencas são lindas, frágeis e de variadas espécies, admiradas como plantas ornamentais. As miudinhas são chamadas cabelo de anjo e carregam a fama de espantar mau-olhado. Outras são usadas na medicina como chás ou compressas.
Para mim elas representam a delicadeza e, a doçura, e me provocam uma sensação deliciosa, um fascínio que não consigo entender e, na impossibilidade de cultivá-las, pois o ambiente em que vivo não é propício (somente o lirismo de Chico consegue vê-las crescendo na caatinga) debruço-me na borda do poço para admirá-las.
Imagino a sensação que teria se pudesse tocá-las, acariciá-las como se Sininho fosse, mas me contento em observar minha imagem refletida no fundo do velho e cansado poço, sentindo em meu rosto no espelho d’água o respingar das gotinhas que elas me atiram balançando seus frágeis galhinhos. Divirto-me com as caretas provocadas pelas ondas formadas e ali me esqueço do tempo. Com o sol, alto volto à realidade com a certeza que na minha vida sempre será primavera!


Geni 23-09-2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Casamento - Simone e Gustavo



O que faz com que duas pessoas que se encontrem sintam-se tão atraídas uma pela outra que decidam unir suas vidas?

O amor faz isso. E o que é o amor, esse sentimento cantado em todas as línguas e formas de expressão, que sempre esteve em evidência na poesia, na música, no cinema, nas artes?
O filme “Suplício de uma Saudade” contou em sua trilha sonora com uma música que apresenta várias definições do amor. A canção, que tem como título “Love is a many splendored thing” (o amor é a coisa mais esplendorosa), canta ainda que “o amor é a rosa de abril que somente brota no início da primavera”, “o amor é a forma como a natureza se doa”, “o amor é a razão de viver”, “o amor é a coroa de ouro que faz um homem rei”...
Em resumo, o amor acontece (chega) no momento certo (como a rosa de abril) e é o motor (fator) de grandes transformações. E o amor é tudo isso e muito mais. Na Carta aos Coríntios, Paulo de Tarso, o apóstolo de Jesus, nos fala no Capítulo XIII a respeito do amor: “Se eu falar língua dos anjos, se tiver fé a ponto de transportar montanhas, se distribuir todos os meus bens e não tiver amor, nada sou”. E continua: “O amor é paciente, é benigno. O amor não é invejoso, não busca seus próprios interesses, não suspeita mal. O amor tudo tolera, tudo espera, tudo crê.”
Para o apóstolo Paulo, o amor pressupõe o cultivo da paciência e da tolerância na convivência e no relacionamento, para que as dificuldades possam ser superadas. Centrado na solidariedade, no empenho de tornar o outro feliz, o amor verdadeiro não é egoísta, pois não busca atender a seus próprios interesses.  E é esse amor que une Simone e Gustavo e nos traz aqui hoje, neste dia de festa, para comemorar e testemunhar a união dos dois.
Tive o privilégio de conhecer Simone há cinco anos, quando aqui cheguei, vindo de São Bernardo do Campo. E foi amor à primeira vista. Jovem, meiga, de olhar terno, batalhadora, profissional competente, firme em seus propósitos, mãe amorosa e sobretudo muito bonita. Por meio dela conheci Gustavo, um menino grande. Bom amigo, bom filho, bom profissional, muito amoroso e que se revela um grande companheiro para Simone. O encontro dos dois não foi casual. O acaso não existe e, como diz a canção, “devia estar escrito nas estrelas. 
A nós, testemunhas desse encontro feliz, nos cabe brindar. Brindemos, pois, esse encontro abençoando.
Simone e Gustavo. Na presença de seus pais, do filho e dos amigos, vocês selam hoje um compromisso. O amor, a cumplicidade, a união de vocês constituem o alicerce para o começo de uma nova vida.
Meus queridos. O tecido do convívio é feito de milhares de pequenas fibras. No entrelaçamento dessas fibras entram os componentes da família de ambos os lados. Pessoas diferentes, com objetivos, aspirações e interesses diferentes, que passam a formar de agora em diante outra grande família. Os laços de amizade serão  ampliados.
Mas também – e com certeza! – aparecerão arestas, que necessitarão ser aparadas. E esse é um trabalho de paciência e compreensão  mútua, sempre com o desejo sincero  de fortalecer esses laços e essas fibras. Muitos encontros festivos virão. A vida é um grande baile em que as almas se encontram, se abraçam, se conhecem...
Mas se esbarram também. E o final feliz depende da boa vontade de cada um.  Até porque, todos sabemos, nem tudo são flores em um relacionamento. Com o passar do tempo, as pessoas engordam, ganham rugas, perdem cabelos, adoecem. Aparecem dificuldades de todos os matizes. Esta é a realidade de todos nós. E com vocês não vai ser diferente. O verdadeiro amor, porém, consegue ultrapassar as barreiras da aparência e manter-se fiel à promessa de estarem juntos em todos os momentos: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.
Conhecemos a história de Christofer Riwer, O Super Homem.  Transcorridos os primeiros meses, quando o desânimo abateu sobre ele, sua esposa disse a frase marcante:  “Você ainda é você e eu o amo”. E foi a certeza desse amor que lhe deu forças e entusiasmo para grandes mudanças dentro e fora de si. Isso só foi possível graças aos ingredientes de uma convivência amorosa: tolerância, cumplicidade, fé  e, principalmente, amor.
Repetimos aqui Antoine de Saint-Exupéry: “o essencial é invisível para os olhos”. Que a rosa de abril que brota na primavera que chega daqui a algumas horas possa ser o símbolo do lindo amor que une vocês. Oxalá estejamos aqui, comemorando as bodas de prata. E por que não a de ouro?
Que Jesus, em sua infinita misericórdia, nos abençoe a todos e hoje, particularmente, ao casal que se une.

22-09-2007

Geni