Rodrigo
Caipira...pira...toc..toc...pira..nossa... O berço batendo na parede. O menino em pé, de fralda sorriso largo e garganta afiada canta para chamar atenção pois quer sair
e não pode.
Não faz manha apenas espera a seu modo, cantando e balançando o
berço.
Alegria pura, sorriso aberto sempre, mesmo quando chegaram
seus primos e a atenção que era só para ele teve que ser repartida, mas, não me
lembro que tenha feito muita diferença pelo menos não ficou transparente embora
concordamos que teve lá suas frustações.
Assim cresceu esse menino inteligente, feliz, rechonchudo e
risonho mesmo quando não conseguia falar direito e quando dizia “cocha” – calça
- ficava bravo porque achávamos graça, assim como tantas outras palavras e atos
que me fogem à memória.
Seu pai por circunstâncias profissionais fez várias mudanças
com a família que sempre o acompanhou. Nessas idas e vindas além de conhecer
cidades frequentou outras tantas escolas e novas amizades surgiram. Ro, como
seus irmãos, sempre tirou de letra. Estudava muito e acompanhava os mais velhos
nas pesquisas e estudos complementares.
Conheci todas as cidades e acompanhei o crescimento e
peripécias. Me lembro que em Santos ficávamos preocupados. No comércio, se
enrolava nos cabides e prateleiras, no calçadão ia à frente e tínhamos que
ficar sempre atentos. Na praia, a mesma coisa, sempre muito independente e
feliz. Participei de todos eventos que nortearam sua vida: batizado, festinhas
na escola, aniversários e formatura. Organizávamos brincadeiras: fui palhaço,
Papai Noel, organizei caça ao coelho da Páscoa. Éramos felizes. O tempo
passou...
Rodrigo cresceu. Nessas idas e vindas terminou o ensino médio
e sem cursinho entrou na Escola Politécnica – USP - e foi morar com a vó Encarnação em São
Paulo uma vez que seus pais estavam no interior.
Então... Eis que na faculdade conheceu Alessandra. Menina
delicada que em sua simplicidade nos cativou. Ia para nossas festas
improvisadas de Araçatuba, sem conforto nas acomodações, sem etiqueta e grandes
cardápios. Demos-lhe o nome de Anjinho Barroco. O namoro progrediu com alguns
percalços como em todo relacionamento.
Formatura...Gosto de homenagens e surpresas e foi assim que
lhe enviei um anjo para “abençoar” esse dia todo especial. Foi lindo e nos
emocionou também.
Bem... A vida continua. O noivado e casamento marcado. Entro
em cena novamente e uma espevitada palhacinha deu o tom da festa no chá de
panela. Diversão pura.
Fui testemunha no seu casamento num dia lindo e ensolarado e
a vida seguiu. A distância atrapalhou um pouco e nossos encontros diminuíram.
Vieram os filhos lindos algumas mudanças de casa, de cidade e de empresa. A
vida toma rumo diferente: inquietações, dúvidas, noites insones e a decisão:
deixar o país. Era um sonho antigo que se concretiza agora não sem algum
desconforto.
O que dizer essa tia gatosa (gata idosa) que ama intensamente
vocês, que gosta de paparicar, de tocar e que já não tem tanto ânimo como
outrora? A distância vai dificultar embora não será impossível pois o mundo
virtual está aí (preciso aprender). Sejam felizes é o que desejo. Pedirei para
os mentores de Jesus cuidarem bem de vocês assim como o fizemos nesses anos
todos. Para a Alessandra um pedido: Abra mais o seu coração que sei que é
grande e carinhoso, solte a doçura que tem dentro de você que teima em esconder pois um anjinho tem
muito pra dar apesar que não é mais anjo e sim bailarina. Para as crianças:
Saúde e Sucesso. Para você aquele abraço apertado da Tia Gê.
AMO VOCÊS
02/2017