É impossível falar sobre o meu nome sem citar meus irmãos, pela ordem de idade: Evanir Erminda, Agenor Clarindo, Nestor Laurindo, Antenor Lucindo e Nair Ermelinda.
Nomes que soam estranhos, quando assim reunidos, mas que deixavam meu saudoso pai orgulhosíssimo. Afinal, não era fácil encontrar nomes que atendessem à combinação or e indo, para os meninos, e ir e inda para as meninas. Principalmente para ele, pessoa sem nenhuma literatura e sem qualquer fonte de consulta.
Eram idéias dele. Só dele. Minha mãe, mesmo que quisesse, não tinha espaço para palpites. A coisa acontecia invariavelmente assim: Nascida a criança, o velho seguia imediatamente para o Cartório de Registro Civil. No retorno, e com a pompa que o momento exigia, lia nome do rebento, escolhido em segredo já há algum tempo.
Era uma cena comparável à daqueles arautos do rei que, sobre um tablado, com toda a pompa e circunstância, inflavam o peito para anunciar um acontecimento importante.
Minha mãe, calada em um canto, era apenas platéia, como todos nós.
E eu? Por que fugi à regra? Deolinda está conforme. Mas porque Geni, e não Genir? Acho que, num golpe de sorte para mim, o escrivão tenha entendido mal e efetuou o registro sem o erre final. Acredito, também, que meu pai não tenha querido retornar ao Cartório para corrigir o erro.
O certo é que fiquei Geni. Diferente do que ele queria. Melhor para mim. Embora não possa dizer que tenha me livrado de problemas. Sempre perguntam: com G ou J? Y ou I? E quando escrevem Genideolinda, assim, tudo junto? E pior, quando grafam Geni de Olinda? Às vezes chego a me aborrecer. E digo irônica: Nem de Olinda nem de Recife. É Deolinda, tudo junto. E, como sei que também vou ter problema com o sobrenome, antecipo: É Bizzo, com duplo zê, por favor.
Depois acho graça. Afinal, nunca vou ter problemas com homônimos.
Faculdade da Terceira Idade Claretianas.
Geni
25-03-09
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