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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Faculdade da Terceira Idade

No ano de 2005 foi criada em Rio Claro a Faculdade da Terceira Idade por iniciativa da senhora Licia Perin em conjunto com as Faculdades Claretianas. Como moradora recente na cidade, vi uma boa oportunidade para conhecer pessoas e me envolver em atividades que facilitassem minha integração. Ao final do primeiro semestre a coordenadora Andréia Nadai sugeriu uma festa de confraternização entre as três classes solicitando que cada interessado fizesse inscrição para apresentação de números artísticos variados. Como tenho hábito de anotar tudo achei oportuno selecionar palavras relacionadas ao conteúdo de cada aula fazendo uma brincadeira para quebrar a seriedade do momento. Ficou assim:


Passeio - Fazenda Conde do Pinhal
São Carlos

Faço hoje uma pequena avaliação dos momentos vividos nesta escola.
Como uma adolescente tímida, cheguei pela primeira vez neste salão um lugar estranho para mim.  Estava cheio de pessoas desconhecidas, todas conversando alegremente. E eu, sozinha num canto, observando atentamente. — Meu Deus, no que vai dar isso? O que estou fazendo aqui? Matriculei-me da Faculdade da Terceira Idade cujo espaço foi cedido pelas Faculdades Claretianas, mas, como não sou de Rio Claro não conheço ninguém. Então fiquei o tempo todo só observando. O primeiro dia foi reservado para as apresentações e esclarecimentos sobre as atividades uma vez que tudo era novidade.
Começaram as aulas, salas cheias (três). Como crianças no ensino primário, chegamos ansiosos e sempre os que chegam mais cedo buscam os melhores assentos. E ainda como alunos, guardam lugares para os amigos.
Turma heterogênea, o pessoal não entende muito os objetivos do curso. E a drª Lícia, idealizadora do mesmo, paciente leva tempo em explicações. A Andréa – coordenadora - pede sugestões e faz avaliações, mas parece que há alguns desapontamentos. Falta compreender algumas coisas e definir outras. Como serão as oficinas? Onde vão acontecer? E as camisetas: de que cor? Terá o logo da faculdade? Etc. etc. etc.
As aulas (duas x por semana) englobam assuntos gerais sobre o envelhecimento, doenças, tratamentos, profilaxia e as oficinas (ioga, ikebana, dança informática).
Surge um inevitável choque de interesses. Muitos não querem ouvir falar em doenças. Dra. Lúcia, por sua vez, retruca que a turma do BBB (bolo, bingo, baile) só quer saber de festa, e que a coisa não é bem assim. Em meio à discussão generalizada, ficava eu, lá no meu canto, só observando. As coisas foram finalmente se ajeitando. Acertos aqui e ali e a turma foi entrando nos trilhos.  Foram formados subgrupos e começaram a surgir os embriões de sólidas amizades.
Chegamos ao fim do semestre uma reunião legal (3ªidade adora festa) onde cada aluno pode apresentar um número artístico.
Agora, aquela mulher tímida (eu) já totalmente integrada pede licença para ler a avaliação do curso com o entendimento que teve da proposta da escola e das aulas trazidas por especialistas.  ­ - Atenção Andréia e dona Lícia.
Bem...  Nesse semestre...
Eu aprendi que, de acordo com Platão, a menopausa está diretamente ligada à transcendência. Aprendi com Kafka que a ceratonina é responsável pelo envelhecimento demográfico. E com Sócrates aprendi que o colesterol e o cognitivo do autoconhecimento prejudicam a córnea (acho que tem ligação com o futebol).
E muito importante: Nunca vou me esquecer de que Sheakspeare busca a felicidade na reposição hormonal, que está diretamente ligada ao PROCON, e que a memória do Windows e as ações do mouse representam os arquivos da quadrilha na festa junina.
Tive um insight quando me falaram que Freud estudou os hormônios da realidade possível, cujo condicionamento – aliado à sístole e à diástole – provoca um ato compulsivo na transição do oxigênio na labirintite.
Aprendi que o quarto vazio é um lugar distante da finitude moral e a identidade está ligada aos nutrientes da osteoporose. E Platão nos ensinou sobre o direito do consumidor que, através da solidariedade, entra em conflito com a ikebana nas relações interpessoais.
Aprendi a receita mais perfeita que já conheci para se ter uma dieta balanceada.  Isso aconteceu no passeio a Corumbataí. Comemos pouco, pães, doces, tomamos sucos pouco calóricos e em pequena quantidade (isso foi o que dissemos). Caminhamos ao ar livre numa aula de história perfeita. (saudosismo).
Tudo isso é brincadeirinha, porque, neste semestre:
Eu aprendi...
Com a Eisle, animada na sua figura do noivo feliz com a gracinha da Madalena, na seriedade do traje da noiva na festa junina eu aprendi a o que é alegria. Com a Iandara, aprendi o que é a luta pela vida tendo em vista uma saúde frágil.
Com a elegância da Sara – sempre séria, mas muito simpática – conheci a imagem da serenidade. Já com a Siclay, vi que nome difícil pode significar amizade fácil. Com a querida Rose, a nossa caçulinha consumista aprendi que a diferença de idade não conta.
Já com a Stela, que só nos fala da lista, (não é mesmo, Batista?) aprendi que a organização é necessária. Com a Bia e o Hélio, sempre dispostos a trocar receitas, encontrei a vontade para ajudar.
Com o Batista conheci um novo irmão.
Com a Marilene Terezinha Aparecida (que gosta de ser Marlene) sempre trabalhando pela Instituição que representa), reconheci a importância de trabalhar a caridade.
Com a Regina (filósofa), Dora (intelectual), Nilda (cinegrafista) Cida, Clarice, Teresa, Cecília, Vera, Cacilda, Cleonice, Mariliza (de sorriso farto) e com todos colegas cujos nomes ainda não decorei (afinal, sou loira e da 3ª idade) aprendi a aceitar as diferenças.
Ainda, aprendi muito com:
O Jacinto, sério, compenetrado, O Caio, de cabelo em pé, não pelas patacoadas das meninas no seu ouvido, mas porque é moda, aprendi quanto o jovem pode ser parceiro nas atividades. Com o Pablo professor de informática perdidinho no meio do pessoal eu perdi o medo do computador.
Também com a Lídia, (secretária) que fica corada de tanto ouvir falatórios, aprendi a ter mais disciplina.

Aprendi muito, muito. Que longe é um lugar que não existe. O que existe é um desejo sincero de confraternização, de troca de experiências, de aprendizado constante. Conheci pessoas maravilhosas, ampliei meu leque de amizades. Aqui passo horas agradáveis. Estou me sentindo rio-clarense como vocês.

Passeio - Estância Casa de Pedra
Charqueada


Quero aproveitar este momento para agradecer a todos pela acolhida. A Andréia, drª Lícia, todos os professores e as pessoas ligadas direta ou indiretamente ao nosso curso, como os porteiros e demais funcionários.
Um abraço carinhoso para as outras turmas que, nos poucos momentos de integração, aprendi a admirar. Perdoem-me as brincadeiras. Fazem parte...

Uma frase que me marcou e que acho oportuna: “SOMOS TODOS ANJOS DE UMA SÓ ASA E SÓ ALÇAREMOS VOO QUANDO ABRAÇADOS UNS AOS OUTROS”

Geni D. Bizzo Turma I 29-06-05

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