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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Rezas e benzimentos


Coisas da pobreza, da crença ou da fé,
falta de grana ou informação,
a medicina caseira curava até bicho de pé.
As simpatias e as rezas, usadas com emoção,
passavam, com certeza, de geração em geração.
Se minha memória não falha, quero deixar registrado,
embora nos dias de hoje
vão achar muito engraçado.
Emociona-me falar sobre isso,
acho muito bom reviver.
E sem parcimônia ou compromisso,
passo receitas do bem-querer.

Acompanhando os rastros na areia da criança,
que só andava segura pela mão,
um ramo de cipó são joão por um machado era cortado,
cortava também o medo na marquinha  do pé no chão.
Dor de cabeça? tonteira?
três brasas acesas num copo com água era entornado
num pano sobre a moleira;
dizia-se que era sol e num instante ficava curado,
voltando o infante  para a  brincadeira.
Espinhela caída, vento virado? Media-se com barbante
da cabeça à ponta do dedão
e depois de três Aves-Marias, a dor sumia num instante,
acalmando o chorão.
Erva santa maria ou mentruz, há quem não acredita,
mas dentro de um certo tempo, tinham fim os parasitas.
Folha de beladona ou saião, quando aquecida, curava inflamação;
sua flor, linda e branquinha, deixava a pele lisinha.
Capim santo,  erva cidreira ou chá de estrada,  
com um chazinho a criança era acalmada.
Três voltas ao redor da casa, quando a criança nascia,
no colo da mãe ou das tias, evitava o mal de sete dias.
Folhinha de mamona novinha, com azeite aquecido,
cobria o enorme furúnculo,  que não mais ficava doído.

Para queimadura? cataplasma de vela derretida e fria,
demorava um pouco, mas era certa a cura um dia.
Gripe forte? peito cheio? com emplastro de fubá cozido e quentinho,
respirava  melhor o menininho.
Três galhinhos de arruda debaixo do travesseiro
levava embora o quebranto da criança linda e olhar matreiro
que, por causa do mal olhado,
havia chorado o dia inteiro.

Com folhas de fumo curtidas na água canforada
banhava-se o ferimento adquirido todo dia;
picadas de insetos e arranhões
tinham sua assepsia.
Hortelã, poejo, marcelinha,
erva doce, quebra-pedra, manjericão,
arranha-gato, carqueja ou melissa
eram usados em banhos, macerados ou infusão.

É crendice, dizem alguns, bruxaria acham outros,   
mas a mãe pobre  sempre buscava  solução.
No seu quintal ou redondeza,  nativas ou cultivadas,
achava ervas de montão.
Com fé  sem perder a alegria,
via crescer sua cria.
Crescemos fortes e sem trauma,
com algumas cicatrizes.
Mas reverenciamos dona Pina
e bendizemos nossas raízes.

Geni D. Bizzo   FTI    09/2011

2 comentários:

  1. Nossa, que texto legal, eu viajei no tempo. Parabéns, Sra. Geni.

    Marluce Cabral

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  2. Parabéns Tia Gê eu também tive uma infãncia muito parecida.
    Na casa da minha saudosa Vó Dita.

    Bjos..

    Flávia.

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